Com 25 anos, a província petrolífera de Urucu mostra que é possível aliar extração de petróleo a preservação ambiental
“Não tenho nenhuma dificuldade de explicar para a alta direção da Petrobras se tiver que fechar um poço produtor [de petróleo]. Mas eu não tenho como explicar um acidente ambiental aqui.” A frase de José Roberto Rodrigues, gerente de operações da Base de Operações Geólogo Pedro de Moura, seria natural em qualquer circunstância, mas ela ganha um significado especial quando se sabe a localização de seu trabalho: não se trata de nenhuma plataforma em alto mar, e sim na província de Urucu, no meio da floresta amazônica, na bacia do Rio Solimões, a 650 km de Manaus.
Este mês, a Petrobras faz 25 anos de atividades do campo que iniciou a extração de petróleo e gás natural em escala comercial na Região Norte. Atualmente, ele produz diariamente 11 milhões de metros cúbicos de gás e 54 mil barris de óleo e condensado, numa área de 350 km2. O transporte dessa produção acontece através de dutos que ligam o complexo ao terminal do Solimões, onde o material é embarcado para refinarias em Manaus.
A área a ser desmatada é estudada para ser recomposta após seu uso, com milhares de mudas de plantas nativas cultivadas no viveiro e no orquidário do complexo, com cerca de 140 espécies de plantas, no total. Já foram reflorestados cerca de 250 hectares.
Foi montada uma rede de parcerias com universidades da região Norte e agências de fomento, e há descoberta de duas novas espécies de pesrcevejos, duas aves e um peixe na bacia do rio Urucu. Mais de 150 possíveis novas espécies estão sendo estudadas e sendo catalogadas.Entre os animais típicos da região, estão macacos, araras, preguiças, antas e onças. “Nós somos os invasores aqui, e sabemos disso,” diz Rodrigues. O gerente conta que por causa dos grandes felinos, não é permitido caminhar pela base sozinho durante o dia, e à noite, isso é terminantemente proibido. A velocidade máxima pelas estradas é de 50 km/h para evitar atropelamentos de animais.
A ordem é evitar locais onde sabidamente eles estejam, nem que isso altere planos já traçados, como a construção de um depósito de material previsto para o local onde havia uma toca de onça. “Mandei mudar de lugar”, conta Rodrigues.
E como se cria uma consciência ambiental num lugar de tanta pressão por resultados quanto um campo de petróleo? Segundo Rodrigues, foi algo que surgiu com o início dos trabalhos e a convivência dos técnicos com a natureza. “Quando a gente chegou aqui, o que sabíamos fazer era prospectar petróleo. Mas vimos que também tinhamos que entender do meio ambiente”.
Marcos Morais- marcosmoraisdopt@hotmail.com
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